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A deseducação como caminho para a servidão

A deseducação como caminho para a servidão

            Nos últimos dias tem ficado em evidência nas mídias sociais a ação de algumas escolas na adoção da denominada linguagem sem gênero, conhecida como linguagem neutra. Isso ganha mais evidência na internet de tempos em tempos. Porém, em algumas escolas e universidades, isso acontece diariamente.

            Alegam, os defensores dessa linguagem sem gênero determinado, que a adoção dessa linguagem serviria para retirar a preponderância cultural do gênero masculino sobre o feminino, criando uma isonomia com a adoção do gênero neutro, ou que iria ajudar as pessoas que não se identificam[1] com a binariedade masculino/feminino.

            Além de estapafúrdia, essa proposta é altamente destrutiva para crianças e jovens. Explicarei.

            A linguagem é uma ferramenta extremamente importante para o ser humano, sendo um produto da cultura. Não há linguagem fora de alguma cultura. Assim, propor a adoção de uma linguagem neutra, em um idioma que possui palavras masculinas e femininas, é uma forma de destruição do idioma, porém não só do idioma, mas também da cultura de um povo e de um futuro digno. Assim, tentam destruir a cultura através da linguagem.

            Além disso, tentam criar uma linguagem (idioma) artificial, não calcada na cultura de um povo. A tendência natural é não se perpetuar esse tipo de aventura, a exemplo do que aconteceu com o Esperanto.

            Considero a linguagem neutra uma espécie de crime, um ato criminoso contra crianças e jovens, pois, ao propor a linguagem desprovida de gênero, coloca crianças e jovens em uma situação desfavorável, já que não aprendem a utilizar corretamente a ferramenta básica, que é o uso correto e adequado do vernáculo.

            Ao limitar o uso do idioma, suprimindo palavras masculinas e femininas, retira-se da pessoa boa parte da capacidade de se expressar, de expressar os seus pensamentos, os seus sentimentos. Retira também a capacidade da pessoa de compreender o mundo e as relações complexas do ser humano com o mundo e com outras pessoas.

            A supressão indevida de palavras limita, ainda, a capacidade de pensamento.

            Promover a linguagem neutra significa jogar o falante do “idioma neutro” irremediavelmente na caverna de Platão, fazendo o caminho inverso e natural do ser humano, que é a busca da verdade.

            Dentro da caverna do idioma neutro, o falante dessa linguagem se afasta da realidade, contentando-se com o seu mundo irreal e limitado, um mundo de sombras.

            Tudo indica que os defensores da linguagem neutra possuem uma dificuldade em encarrar a realidade da vida, os fatos naturais. Ao invés de enfrentar essa dificuldade, propõe fugir dela através da linguagem neutra, o que, além de não ajudar a superar a aludida dificuldade, ainda agrava o problema ao lançar a pessoa em uma mundo paralelo que só existe em sua mente, totalmente desconexa do mundo concreto, local onde a vida real acontece.

            Acarreta a diminuição do vocabulário, diminuição da habilidade de compreender o mundo e a si mesmo, de compreender a própria vida.

            Na verdade, a linguagem neutra é uma prisão, uma servidão. Ao contrário dos defensores dessa linguagem, que prometem igualdade de gênero e liberdade das pessoas do sistema considerado opressor por eles, a adoção da linguagem neutra lançará as pessoas em uma prisão sem muros, em uma vida de servidão.

            Quem adotar essa linguagem por vontade própria, ou for obrigado a tanto, no caso das crianças, será condenado a uma servidão e pobreza intelectuais, pois será retirada dela a ferramenta fundamental para o desenvolvimento intelectual, mental mesmo, que amplia a capacidade de abstração do pensamento.

            Dominar a língua portuguesa é uma habilidade essencial para uma vida produtiva e plena. É fundamental para o desenvolvimento da pessoa nos campos pessoal e profissional. Retirar a possibilidade de aprender o correto uso da língua é um crime que deve ser combatido diariamente. Caso contrário, gerações serão jogadas na mediocridade e na incapacidade de compreender adequadamente o mundo e a si mesmas.


[1] Não tenho esse dado, mas conversando com várias pessoas, de vários locais, é fácil constatar que o número de pessoas que supostamente não se encaixam na binariedade de gênero é extremamente pequeno, não justificando o sacrifício do aprendizado correto da linguagem de grande parte da sociedade para agradar uma parcela ínfima da sociedade.

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Luiz Guedes da Luz Neto

Possui graduação em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (2001). Mestre em Direito Econômico pela UFPB (2016). Aprovado no concurso de professor substituto do DCJ Santa Rita da UFPB (2018). Aprovado no Doutorado na Universidade do Minho/Portugal, na área de especialização: Ciências Jurídicas Públicas. Advogado. Como advogado, tem experiência nas seguintes áreas : direito empresarial, registro de marcas, direito administrativo, direito constitucional, direito econômico, direito civil e direito do trabalho. Com experiência e atuação junto aos tribunais superiores. Professor substituto das disciplinas Direito Administrativo I e II e Direito Agrário até outubro de 2018. Recebeu prêmio de Iniciação à Docência 2018 pela orientação no trabalho de seus monitores, promovido pela Pró-Reitoria de Graduação/UFPB. Doutorando em direito na UFPB.

View Comments

  • Artigo extraordinário.
    Fica fácil identificar os objetivos escusos por trás dessa estúpida e maligna tentativa de desconfiguração da língua.
    Espero que o Governo, por meio do MEC, já tenha tomado as providências.

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