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Fanatismo político na Era das Redes Sociais II | Reflexões em Viktor Frankl e Karl Jaspers: Neurose coletiva, Opinião pública e o Poder do slogan

Fanatismo político na Era das Redes Sociais II | Reflexões em Viktor Frankl e Karl Jaspers: Neurose coletiva, Opinião pública e o Poder do slogan

Numa conferência sobre “A massa e o dirigente” Viktor Frankl perguntou:

“Como pode o homem, o homem médio de hoje, identificado com os sintomas neuróticos da humanidade, para não dizer marcado por eles, como pode o homem de hoje chegar ao extremo de render-se ao pensamento coletivista?”

Segundo ele, a resposta estava no fanatismo que é correlacionado ao coletivismo:

“Não se confunde com a massa, ao contrário, afunda-se nela. O homem se dissolve como ser personalizado”, afirmava Frankl.

A massificação da consciência pela política, por exemplo, tem o condão de apagar os traços da individualidade em proveito da coletividade, do líder e de sua política.

Com a tecnologia da informação e na era da hiperconexão digital, isso se tornou global e regrediu à tribalização. A opinião pública sobre política, nessa grandiosa conectividade eletrônica, transformou-se numa arma psicológica totalitária feita para fanatizar o homem.

Karl Jaspers dizia que: “a opinião pública é, antes de tudo, o forum de informação e, em seguida, o da confrontação intelectual. Não é, de maneira alguma, opinião que preexistisse no povo, que se devesse constatar e considerar normativa”. No entanto, o ser humano, hiperconectado diante de uma avalanche de informações políticas, acredita que a opinião pública é a expressão da verdade e do interesse comum.

Frankl alertava:

“A opinião pública que antes denunciamos como agente capaz de apoderar-se de homens fanatizados – essa opinião se cristaliza na forma de slogans. Estes, os slogans, uma vez que são jogados no seio das massas, exercem uma espécie de reação em cadeia – uma reação em cadeia psicológica – muito mais perigosa do que aquela reação em cadeia física, na qual basicamente assenta o mecanismo da bomba atômica. Pois este mecanismo, essa reação em cadeia não poderia jamais desenvolver-se, não a tivesse precedido a reação em cadeia psicológica, e se a massa, o homem massificado, não fosse atingido pelo slogan.”

O ser humano, então, parece existir apenas em razão de uma causa coletiva, para defender seu líder e para se expressar conforme a opinião pública, haja vista que não mais possui opinião própria. Sua consciência se diluiu em meio ao pensamento coletivo. É o “instinto de rebanho” que opera em seu ser ativado por uma infinidade de mensagens eletrônicas com toda sorte de slogans e “mandamentos”.

Assim sendo, são diversos os sintomas dessa patologia que podemos observar nas referidas mensagens. Ainda que não sejamos psiquiatras como Frankl e Jaspers, segue uma lista da sintomatologia:

Ideia fixa em política ou algo relacionado a ela, ao líder político ou Partido, revelando uma monomania; empobrecimento da linguagem; agressividade; imposição de atitudes; desejo de salvar algo, mesmo sem saber o quê; desrespeito total ao outro; intolerância; radicalismo; pobreza cultural; etc

Diante dessa situação, lembremos também o que disse Karl Jaspers, ressaltando o aspecto avassalador da Era tecnológica e sua relação com a política:

“Política é destino- esse dito de Napoleão é mais aterrorizador desde o surgimento do totalitarismo na Era da tecnologia”.

Fanatismo político na Era das Redes Sociais I, clique aqui para ler a primeira parte.

Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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