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O determinismo tecnológico e a crítica de Viktor E. Frankl sobre o pandeterminismo

O determinismo tecnológico e a crítica de Viktor E. Frankl sobre o pandeterminismo

“A tecnologia não está avançando a um ritmo vertiginoso, exigindo a obediência de grande parte da população?” (Arcebispo Fulton Sheen durante uma transmissão de rádio em 26 de janeiro de 1947)

Os determinismos existem para negar a liberdade humana.

Temos os determinismos biológicos, psicológicos e sociológicos a condicionar o homem. Hoje, temos também o determinismo tecnológico.

Em nosso tempo, por exemplo, nega-se a liberdade em nome da pandemia e se oferece, em troca, a tecnologia como escape e ferramenta de trabalho.

Ainda que se devolva a liberdade, a revolução tecnológica é um fato e é uma condicionante para o desenvolvimento do mundo e uma imposição para o ser humano.

Dessa forma, torna-se premente reafirmar a liberdade humana contra essa imposição.

Mesmo que venha um “apagão” da internet para um novo começo, um Grande reinício (Great Reset), que depois determine como nós devamos viver – pois seremos reféns do meio tecnológico e de quem o manipula – temos como nos elevar diante dessa e de qualquer desgraça.

Diante disso, a crítica ao pandeterminismo de Frankl permanece cada vez mais relevante e atual:

“(…) Parece-me, entretanto, que existe um pressuposto ainda mais errôneo e perigoso, que eu chamo de pandeterminismo. Refiro-me à visão do ser humano que descarta a sua capacidade de tomar uma posição frente a condicionantes, quaisquer que sejam. O ser humano não é completamente condicionado e determinado; ele mesmo determina se cede aos condicionantes ou se lhes resiste. Isto é, o ser humano é autodeterminante, em última análise. Ele não simplesmente existe, mas sempre decide qual será sua existência, o que ele se tornará no momento seguinte.
Da mesma forma, todo ser humano tem a liberdade de mudar a qualquer instante. Por isso podemos predizer seu futuro somente dentro de um quadro muito amplo de um levantamento estatístico relativo a um grupo inteiro; a personalidade individual, entretanto, permanece essencialmente imprevisível. A base para qualquer previsão estaria constituída pelas condições biológicas, psicológicas ou sociológicas. No entanto, uma das principais características da existência humana está na capacidade de se elevar acima dessas condições, de crescer para além delas. O ser humano é capaz de mudar o mundo para melhor, se possível, e mudar a si mesmo para melhor, se necessário.”

Só o indivíduo massificado perde sua liberdade em benefício da coletividade e passa a seguir o rebanho, mas como assegura Frankl: “(…) A personalidade individual, entretanto, permanece essencialmente imprevisível (…)”.

É exatamente esse caminho a trilhar. Apesar do avassalador determinismo tecnológico, do totalitarismo digital, o ser humano livre continuará imprevisível, incontrolável, com sua personalidade única.

O próprio Viktor E. Frankl viveu e testemunhou isso:

“Sendo professor em dois campos, neurologia e psiquiatria, sou plenamente consciente de até que ponto o ser humano está sujeito às condições biológicas, psicológicas e sociológicas. Mas além de ser professor nessas duas áreas, sou um sobrevivente de quatro campos – campos de concentração – e como tal também sou testemunha da surpreendente capacidade humana de desafiar e vencer até mesmo as piores condições concebíveis”.

Leia também:

Fanatismo político na Era das Redes Sociais. Marshall Mcluhan e a “regressão tribal” na Era da comunicação eletrônica. Perda da consciência individual, política e violência.

Publicação do blog Guedes & Braga

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Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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