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“O Grande Reset”, o fim do livro e a resistência literária

“O Grande Reset”, o fim do livro e a resistência literária

“Se, como é possível, houver um retorno bárbaro e se a história for alguma espéce de guia, ele destruirá todas as outras coisas antes de destruir a grande literatura.” (Chesterton)

Em 2009, Umberto Eco e Jean-Claude Carrière lançaram a obra “Não contem com o fim do livro”. No início deste, Carrière adverte sobre algumas previsões realizadas no Fórum de Davos de 2008 que revelam, entre outras coisas, que, em 15 anos, teremos um barril de petróleo custando 500 dólares e o fim do livro.

Por outro lado, nos nossos dias, é um fato que existe censura na internet. Eliminar o conteúdo indesejável para quem comanda o mundo tecnológico da informação é só mais um passo. Há vários “Grandes Resets” ou “Grandes Reinícios” programados para os próximos anos. Neste texto, vou me ater ao “grande reset” literário.

Desde 2008, no Fórum de Davos, como mencionado acima, foi anunciado o desaparecimento do livro. Carrière e Eco não acreditaram nisso.

Pois bem, a base cultural da humanidade, hoje, vem do audiovisual transmitido por tecnologia cada vez mais avançada. Esse tipo de transmissão cultural cria rebanhos. Dificilmente surgem intelectuais ou pessoas com capacidade de autocrítica desse meio. Sabemos, no entanto, que existem excelentes divulgadores culturais de alto padrão no audiovisual, mas esses são alvos de censura constante e logo poderão ser totalmente apagados, mas a cultura literária, além de ser mais difícil de rastrear, subsiste com opulência fora do meio tecnológico.

Sabemos, também, que grande parte da humanidade já não pensa mais, só repete aquilo que é encaminhado por meio tecnológico. Delegaram a função de pensar, contrariando o conselho do filósofo Alain que dizia: “a função de pensar não se delega”.
Por isso mesmo, interessa às Big Techs, as controladoras do meio tecnológico de informação, censurar e destruir os que pensam de maneira crítica ou contrária ao que elas divulgam e acreditam.

Então, da mesma forma que os bons divulgadores do audiovisual, há os literatos inconformados, usando a tecnologia para questionar o uso excessivo dela, divulgar verdades eternas e disseminar a boa cultura através da escrita. Esses inconformados com a “Nova Ordem Mundial” que usam o meio literário na internet também são alvos em potencial do “Grande Reset”.

Assim sendo, não sei como conseguirão, numa machadada só, apagar toda cultura literária da internet e do mundo, sem queimar as grandes bibliotecas públicas e privadas, pois teremos muitas reservas literárias fora do ambiente virtual. Basta que nos lembremos das Bibliotecas do Congresso em Washington, Britânica e Vaticano.

Além do reset, realmente, terão que destruir ou proibir os livros, pois a resistência literária estará preservada e poderemos sempre recomeçar do zero.

De toda maneira, não sei como esses “Inquisidores” ou “bárbaros” do século XXI o farão, só acho que ainda demorará e a destruição será parcial. A história do livro é a história do livre pensamento e de um inevitável “bibliocausto”.

Como escreveu Jean-Philippe de Tonnac no prefácio do livro de Eco e Carrière:

“A história da produção de livros é indissociável da de um verdadeiro BIBLIOCAUSTO, sempre recomeçado. Censura, ignorância, imbecilidade, inquisição, auto de fé, negligência, distração, incêndio terão constituído outros tantos escolhos, às vezes foices, no caminho do livro. Todos os esforços de arquivamento e conservação nunca impediram que Divinas comédias permanecessem para sempre desconhecidas”

Leia também:

O papel do Estado moderno e a guerra biológica à luz do pensamento de C.S Lewis

Chesterton e as más notícias sobre o mundo

Publicado no blog Guedes & Braga

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Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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    É a História se repetindo.
    Interessante, há bastante tempo assisti a um filme, cujo nome não lembro mais, no qual os livros haviam sido suprimindos.
    Eram proibidos. A resistência se mantinha por meio de pessoas que circulavam em bosques, falando em voz alta. Haviam decorado os livros!

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