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Roboética, imortalidade e a teoria hilemórfica de Aristóteles

Roboética, imortalidade e a teoria hilemórfica de Aristóteles

Goethe retratou, no seu “Fausto”, a figura do mago materialista que de tanto estudar “esqueletos de animais e ossatura de mortos” resolveu se entregar à magia…

A modernidade está cheia desses magos com desejos mefistofélicos.

Indo da genética à robótica, cientistas, confiando no materialismo positivista buscam soluções para a mortalidade do homem e se devotam a um certo tipo de magia.

No seminário “Roboética: humanos, máquinas e saúde ” realizado, em março deste ano, no Vaticano, o cientista Hiroshi Ishiguro, conhecido por fazer robôs bem semelhantes a seres humanos disse:

“Nosso objetivo máximo da evolução humana é a imortalidade, substituindo nossa carne e ossos por material inorgânico”.

Ou seja, entende o renomado professor e cientista que o corpo humano é alma, sendo o pensamento uma expressão das conexões cerebrais. Da matéria sai a matéria e seria só transportar essa matéria a um material inorgânico e teríamos a imortalidade.

Com essa forma de pensar, o professor Ishiguro estabelece, como quer todo positivista, que a ciência se restrinja à descrição de fenômenos e a resolução materialista de problemas, sem levar em consideração a causa, a razão de ser e a ética.

O ilustre cientista, para consecução dessa transferência ou substituição do corpo humano, se depararia com dificuldades intransponíveis.

Aristóteles, com a sua teoria hilemórfica, definiu a essência dos corpos como a união essencial entre a forma e matéria.

Essa união, repita-se, é essencial.

A matéria, por ser potência, pode se transformar em qualquer coisa.
Sendo a matéria diversa, de onde vem essa diferença então?

Vem da forma substancial que é ato e se apropria da matéria, configurando uma substância corporal determinada. Assim temos diversos tipos de corpos: homem, pássaros, pedras, etc

Então, essa união entre matéria e forma traz uma espécie individuada pela matéria que é dotada de quantidade, de finitude.

No homem, temos a alma(forma substancial) e o corpo(matéria) como um todo substancial e complementar, não existindo, portanto, corpo sem alma.

Em morrendo o corpo, todos os seus componentes, inclusive o cérebro, perecerão, haja vista que a soma das partes não pode ser diferente do todo.

Cerébro que condiciona o pensamento, não o causa.

A alma subsiste por ser incorrupta e o todo substancial fica subordinado a ela.

Em caso de transposição ou substituição de órgãos de um ser humano ainda vivo para um corpo inorgânico, de nada adiantaria essa operação sem levar em consideração a causa que o faz existir e a razão dessa existência.

Esse procedimento serviria apenas para colocar os órgãos humanos num receptáculo cibernético com aparência humana, mas sem aquilo o que faz uma pessoa verdadeiramente humana: uma alma.

Para ler sobre o aborto e eutanásia à luz da filosofia aristotélico-tomista, clique aqui para ler.

# roboética imortalidade e a teoria hilemórfica de aristóteles

Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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