As lições atuais de “A Revolução dos Bichos”.
As lições atuais de “A Revolução dos Bichos”.
George Orwell escreveu sua eminente fábula, onde bichos se rebelam contra o seu dono, para denunciar o comunismo soviético. Contudo, o livro vai mais além.
Em “Sobre histórias”, C.S. Lewis percebeu, antes de todos, esse “mais além” ao se referir a “1984” e à “Revolução dos Bichos”. Escreveu: “Eles expressam a desilusão de alguém que tinha sido um revolucionário “entre guerre” familiar que, mais tarde, viu que todos os governantes totalitários, embora tenham camisas coloridas, são igualmente inimigos do Homem. (…) “A Revolução dos Bichos é uma obra de gênio que pode sobreviver às condições particulares e temporárias (assim espero) que a provocaram.”
Realmente, o livro continua atual.Obra concisa com frases e expressões que se tornaram verdadeiros clássicos, as quais ajudam a entender a política, quando esta se perverte e aponta o caminho para o totalitarismo. Da doutrinação, passando pela vigilância extrema a punições injustas e cruéis, tudo sobre o totalitarismo está lá.
Neste pequeno ensaio, vou me ater ao “animalismo” descrito por Orwell, uma espécie de sistema de pensamento completo, um sistema filosófico e político que deve reger a sociedade, legitimando a tirania ou pavimentando a chegada dela.
É interessante observar que “os princípios do animalismo”, oriundos desse sistema, são mandamentos a serem obedecidos cegamente.
Foi uma das expressões que ele criou para sugerir que a torrente de princípios hauridas das mais diversas filosofias é, na maioria das vezes, uma fraude intelectual.
Por exemplo, toda vez que a realidade se apresenta contrariando-os, eles podem ser interpretados e adaptados conforme a vontade da autoridade que comanda a sociedade. Se não é o tirano quem pessoalmente os interpreta e os adapta, são os seus acólitos distribuídos nos mais diversos níveis de poder que o fazem. Pode ser um tribunal, a mídia, um órgão legislativo, etc
No decorrer da obra, os “princípios do animalismo” vão sendo reinterpretados até serem reduzidos a um mandamento: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”. Este é o princípio de toda perversão política que permeia insistentemente qualquer sociedade que caminha ou já vive no totalitarismo.
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