As pesquisas eleitorais de intenção de voto nos EUA. Por que os números não refletem a realidade?

As pesquisas eleitorais de intenção de voto nos EUA. Por que os números não refletem a realidade?

Por Luiz Guedes da Luz Neto 

Há algum tempo venho me perguntando por que as pesquisas de intenção de voto são tão díspares e quase não refletem a realidade declarada pelas urnas quando da apuração dos votos. Acontece no Brasil, com institutos de pesquisa apresentando números diversos entre si. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos da América durante a campanha presidencial de 2016, com a maioria das pesquisas apontando a vitória da candidata Hillary Clinton, e, em determinados momentos da corrida eleitoral, com vantagem folgada em cima do candidato Donald Trump.


Seria a divergência das pesquisas fruto da adoção de diversas metodologias pelos variados institutos de pesquisa? Seriam os institutos de pesquisa realmente independentes para a realização da pesquisa eleitoral? As pesquisas de intenção de voto estão para tentar desenhar o cenário de acordo com as respostas dos pesquisados ou para tentar influenciar o eleitorado com as suas “informações”? Qual será a fonte financiadora das pesquisas? Será que a fonte de custeio desses institutos teria ligação com algum partido político ou grupo de interesse específico que apoia determinado candidato? Eis aí algumas das perguntas que poderiam se tornar objeto de pesquisa pelos interessados em ciência política, ou áreas afins, com o objetivo de compreender, mesmo que de forma parcial, o jogo de forças travado durante as campanhas eleitorais.


Parece ser um fenômeno mundial a falta de bons líderes nas campanhas eleitorais. Não se vislumbra mais, nos candidatos, aquele perfil de homem público capacitado para gerenciar as questões governamentais em prol dos cidadãos, com habilidade de mediar de forma eficiente os interesses dos diversos grupos de interesse que, dentro da dinâmica natural democrática, pleiteiam, junto aos órgãos estatais de decisão, a adoção dos seus pleitos.
Ainda é muito cedo para se dizer o que acontecerá aos EUA e ao mundo com a eleição de Donald Trump. Não acredito que ele fará muito do que prometeu, pois o presidente da república necessita do apoio do seu partido tanto no Senado quanto na Câmara dos Representantes (Câmara dos Deputados) para a adoção e promoção de uma agenda governamental. E muitas das suas propostas não encontraram ressonância nos membros do seu partido durante a campanha. Desta forma, o Poder Legislativo da União funcionará dentro daquela dinâmica apresentada por Montesquieu na sua clássica tese da separação dos poderes, opondo-se às eventuais políticas exageradas ou danosas, servindo de freio e contrapeso ao Poder Executivo.

Durante a campanha eleitoral Trump se indispôs com grande parte do Partido Republicano, porém, para governar, terá de se articular com o seu partido, que tem maioria nas duas casas legislativas, para conseguir ter governabilidade, o que exigirá concessões às exigências dos membros do partido com assento no parlamento norte-americano. Como se pode perceber, apresentei perguntas sobre as pesquisas eleitorais. Não tenho as respostas para elas nesse momento, mas espero ter sido capaz de despertar nos leitores a curiosidade de buscar elementos que possam responder às questões apresentadas, e termino com a seguinte pergunta: as pesquisas de intenção de voto são realmente pesquisas ou são uma propaganda eleitoral disfarçada?  

 

Luiz Guedes da Luz Neto,
Advogado e Mestre em Direito Econômico pela UFPB.

 

Contato: luiz.guedesadv@gmail.com

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