“Capitalismo woke”. Como um sistema econômico se degenera e escraviza o ser humano
O capitalismo, em suas origens, era algo bom e capaz de atender as necessidades humanas.
Fruto do trabalho, da poupança e do lucro justo, observava-se que o capitalismo tinha uma ética ligada a ele. Poderíamos recorrer a obra de Max Weber para atestar isso, mas já a encontrávamos na Regula Monachorum do Século IV, princípios monásticos e patrísticos, onde o ócio é considerado o principal pecado e o trabalho e seus frutos a redenção.
O problema acontece quando esse sistema econômico, virtuoso nas origens, se perverte.
O capitalismo, assim como era, acabou sendo deturpado pela avareza do ser humano e, nos séculos XVIII e XIX, pelo liberalismo econômico de Adam Smith e J.B. Say.
O erro fundamental desses autores foi submeter a ética à lei econômica sob o pretexto, ainda que legítimo, de garantir a liberdade e a propriedade privada contra a imposição estatal e o socialismo. Além disso, aquela doutrina admite a liberdade absoluta de agir e de fazer por parte daqueles que comandam a economia.
A lei moral, assim, é desconsiderada ou submetida a vontade de quem domina a economia. Sob essa vertente, por exemplo, coisas úteis para se ganhar dinheiro (mesmo aquelas que firam a dignidade humana) são consideradas tão ou mais importantes do que coisas dignas.
Consumismo, especulação financeira e engajamento em causas progressistas são, pois, a base da economia de mercado hoje e trazem com eles uma flagrante aversão aos valores perenes que formaram a civilização ocidental. O “capitalismo woke” é caracterizado por isso e pela influência cultural que desempenha na sociedade.
Dessa forma, no nosso tempo, o capitalismo perverte o bom gosto e vulgariza o intelecto ao incentivar o hedonismo mais tacanho e se aliar ao marxismo cultural.
Sendo assim, o jornalista norte-americano Ross Douthat cunhou, na década passada, a expressão “capitalismo woke” para denunciar a adesão crescente das grandes corporações econômicas às demandas progressistas (aborto, ideologia de gênero, legalização das drogas, etc) e que tem por consequência a condenação das religiões tradicionais e a perseguição a quem se contrapuser àquelas pautas. É um aliado moderno e traiçoeiro do totalitarismo.
“Reduzi-nos à escravidão, contanto que nos alimenteis”, escreveu Dostoiévski em “Os Irmãos Karamazov”.
Contudo, ampliemos o sentido dessa frase e admitamos que ela não se refere somente à comida ou a uma “esmola” governamental em troca da obediência, mas a toda forma de consumo que o ser humano possa desejar e se submeter para conseguir.
Consumindo, então, produtos das grandes corporações wokistas, você as estará financiando e tornando-se, pouco a pouco, seu escravo voluntário até o dia de não mais poder reagir nem conseguir defender seus valores, seu trabalho e sua família contra a avalanche de perseguições dessas mesmas empresas (ou pelo governo de um país influenciado ou comandado por elas), que contam com o apoio de quase toda mídia e de boa parte da sociedade, a qual teve a imaginação moral transformada por esse sistema capitalista degenerado.
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