Na Idade média, Florença era uma importante Cidade-Estado.
Comandavam a política florentina, os partidos dos Gibelinos e dos Guelfos. Este partido era dividido entre os Guelfos brancos e Guelfos negros.
Os Gibelinos haviam sido expulsos de Florença. Os Guelfos negros eram mais agressivos e militantes, os Guelfos brancos não. Dante era Guelfo branco e o partido dele estava no Poder. Os Guelfos negros, por sua vez, eram a favor de que o Papa se intrometesse na política e nos assuntos internos de Florença, os Guelfos brancos não.
Além disso, o Papa era o soberano temporal e espiritual naquela época. Política e religião estavam entrelaçadas.
Dante se opunha à instrumentalização da religião pela política (explicamos isso, neste blog, em “Dante e a filosofia política”).
Em junho de 1301, servindo à República florentina já sem mandato, ele se opôs ao pedido do Papa Bonifácio VIII que queria enviar dinheiro e tropas a Florença para conter inimigos pessoais.
Papa Bonifácio VIII, nome de batismo Benedetto Caetani, preocupava-se com Florença e a oposição dos Guelfos brancos.
Os brancos, realmente, queriam a total independência de Florença e livrar-se da influência papal na política.
Para tanto, elaboraram nova constituição, mas suspeitavam que o Papa não a respeitava.
E não respeitava mesmo. Bonifácio VIII, então, resolveu apoiar os Guelfos negros contra os Guelfos brancos.
Corso Donati, primo da esposa de Dante e líder dos Guelfos negros, fora banido de Florença e foi a Roma conspirar com o Papa.
Bonifácio VIII, para tentar pacificar a agitação política em Florença, enviou Carlos de Valois, irmão do Rei da França como interventor e pacificador.
Os Guelfos brancos não confiavam em Carlos de Valois, mas este prometera respeitar a recém promulgada constituição de Florença.
Corso Donati, no entanto, visitara Carlos de Valois em Siena, oferecendo-lhe favores papais e 70 mil florins.
A conspiração estava completa: Bonifácio VIII, Corso Donati e Carlos de Valois. O Papa queria tomar o Poder em Florença com seus aliados.
Os Guelfos brancos não sabiam disso e, ao mesmo tempo, organizaram uma missão diplomática para falar com Bonifácio VIII e pedir garantias de que Carlos de Valois respeitaria a constituição de Florença. A missão era composta por três membros e Dante Alighieri estava entre eles.
Papa Bonifácio recebera Dante com frieza e malícia, enquanto isso os planos dele eram postos em prática em Florença, sem que o magistral poeta florentino soubesse.
A traição papal e a crueldade na execução dos planos foram “dignas” dos piores gângsteres. A comparação é bem vinda para quem assistiu ou leu “O Poderoso chefão”, Parte I, e se lembra da cena do batismo em que Michael Corleone põe em prática seus cruéis planos, ao mesmo tempo em que finge estar tudo bem naquele momento solene.
Corso Donati, com o beneplácito do Papa e a permissão de Carlos de Valois, invadira Florença. Eles soltaram os presos, pilharam a cidade, assassinaram os Guelfos brancos, queimaram casas e baniram os opositores. Dante teve sua casa destruída e foi banido de Florença, enquanto o Papa Bonifácio VIII o recebia amistosamente. O golpe estava consumado.
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Brilhante a narrativa. Linguagem simples e detalhada desse episódio marcante vivenciado por Dante em oposição ao Papa à época. Interessante.
Esse blog possibilita acesso à cultura universal. Digno de elogios.
Muito bom. Informação útil, ensino universal e atemporal.
Bem interessante essa passagem da História.
Em todos os tempos houveram essas situações de traição, politicagem e canalhice.
É o curso da evolução.
Literalmente, o inferno de Dante.