Concordamos com Churchill que dizia ser a “democracia o pior regime excetuado todos os outros.”
O problema é a absolutização dela como algo totalmente bom em si mesmo.
Às vezes, a história nos mostra isso, que o governo da maioria também pode ser injusto e cruel, pois pode trazer consigo os valores errados ou relativizar os valores certos.
Um valor como a inviolabilidade da vida humana deve ficar imune a qualquer vontade política oriunda da maioria.
Mesmo um plebiscito, um mecanismo extremamente democrático, instrumento da democracia direta, pode ocasionar injustiças e danos aos cidadãos.
Existem circunstâncias implacáveis das quais não se pode fugir e confrontam o ser humano, sua vida e seus valores.
Franz Jägerstätter, um camponês austríaco, por exemplo, foi o único que votou contra num plebiscito convocado por Hitler para anexar o povoado em que ele morava com a família.
Considerava o regime nazista “satânico”, mas toda população, democraticamente, não achava e votou pela anexação do território à Alemanha nazista.
Um instrumento democrático para legitimar uma situação e um cidadão contra.
Católico, sua consciência moral alicerçada nos valores cristãos, opôs-se ao desejo da maioria esmagadora e ao nazismo.
Sua objeção de consciência fez com que ele pagasse com a vida, pois também se recusara a servir o Exército nazista.
Hoje, legislações democráticas de países desenvolvidos e ricos abraçam a cultura da morte e não garantem a vida do ser humano nem no nascedouro, nem na fragilidade causada pela doença ou pela velhice.
Em nada perdem em crueldade para o nazismo.
São “piedosos” na morte, são politicamente corretos na eliminação.
Democracia sem valores ou com valores relativizados ou deturpados é totalitarismo da maioria e pode ser tão cruel como o nazismo.
O exemplo de Jägerstätter se faz presente. Nadou contra a corrente do mal.
Dele se pode dizer aquilo que escreveu Hemingway no “Velho e o mar” quando do desespero do pescador Santiago:”o homem pode ser destruído, mas jamais derrotado.”
Jägerstätter não foi derrotado. O exemplo é universal e toca a todos os homens de bem.
Sua vida, recentemente, virou filme pelo prestigiado diretor Terrence Malick e neste ano foi premiado no festival Cannes.
Antes, e muito mais importante, foi beatificado em 2007. Sua família estava presente na beatificação.
Veja também “Direito como poder moral”
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Extraordinário artigo.
Que exemplo de caráter, moral e postura desse camponês!
Excepcional o exemplo de Franz Jägerstätter.
Excelente texto.
"Um valor como a inviolabilidade da vida humana deve ficar imune a qualquer vontade política oriunda da maioria."
O respeito à dignidade humana é um princípio universal que deveria ser posto em prática como direito supremo das pessoas. Percebo em alguns países, ditos desenvolvidos, que isso virou letra morta. Literalmente.
No Brasil não é muito diferente...os políticos daqui quando ganham o poder assumem uma postura arrogante, cínica...verdadeiros oportunistas da massa humana, desreitando sem limites o cumprimento de seu mandato.
Vou assistir o filme da vida honrada de Franz Jägerstätter (dica valiosa)