Donos dos imóveis atingidos por queda de avião serão indenizados
Donos dos imóveis atingidos por queda de avião serão indenizados.
O Superior Tribunal de Justiça – STJ, mais especificamente a Terceira Turma, rejeitou os recursos que questionavam a condenação proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – TJSP no caso da queda do avião que transportava o então candidato à Presidência da República, Eduardo Campos.
Os recorrentes sustentaram a tese de que não era os proprietários do avião, bem como não poderiam ser considerados como exploradores, de acordo com o art. 268 do Código Brasileiro de Aeronáutica.
De acordo com as provas dos autos, os recorrentes foram enquadrados corretamente na condição de explorador da atividade de aviação. A Terceira Turma do STJ afirmou que, de acordo com a Súmula 7 do STJ, a revisão de provas pelo referido tribunal é proibida. Razão pela qual tal análise não pode ter sido feita pelo STJ.
Para ler o Acórdão da Terceira Turma do STJ, clique aqui.
Transcreve-se abaixo o inteiro teor da notícia publicada no site do STJ:
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou os recursos de dois empresários condenados a indenizar os proprietários de um imóvel atingido no acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, em agosto de 2014, na cidade de Santos (SP). Ele era candidato à presidência da República na eleição daquele ano e estava em viagem de campanha quando o jatinho caiu em um bairro residencial. Os destroços atingiram várias casas.
O colegiado rejeitou a tese de que os empresários não seriam proprietários nem exploradores da aeronave, e por isso não poderiam ser responsabilizados pelos prejuízos causados no acidente.
Na Justiça paulista, eles foram condenados a pagar indenização por danos materiais de R$ 113 mil aos quatro proprietários de um dos imóveis atingidos, além de reparação de danos morais, no valor de R$ 10 mil para cada um.
Avaliação de provas
No recurso ao STJ, João Carlos Lyra e Apolo Santana Vieira alegaram que não eram os donos do avião, nem se encaixavam na condição que o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) refere como exploradores.
A ministra Nancy Andrighi, relatora, disse que, após extensa análise das provas, as instâncias ordinárias concluíram que os empresários eram, pelo menos, exploradores da aeronave, justificando-se sua responsabilização nos termos do artigo 268 do CBA.
Ela destacou que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) foi cuidadoso ao avaliar os elementos do processo para indicar a exploração do avião por parte dos dois empresários, e que a eventual revisão dessa conclusão, como eles pretendiam, exigiria o reexame de provas – vedado em recurso especial pela Súmula 7 do STJ.
Rol exemplificativo
Nancy Andrighi afirmou que é preciso analisar se na decisão do TJSP houve violação dos artigos 122 e 123 do CBA, os quais dispõem sobre como se dá a exploração da aeronave e quem são considerados seus operadores ou exploradores.
A ministra lembrou que a doutrina especializada considera exploração de uma aeronave a sua utilização legítima, por conta própria, com ou sem fins lucrativos. Outro ponto destacado pela relatora é que as hipóteses de exploração previstas no artigo 123 são meramente exemplificativas.
“Portanto, considerando as conclusões do tribunal de origem tomadas com fundamento no acervo fático-probatório dos autos, e que o rol do artigo 123 do CBA não contém todas as possibilidades de exploração de uma aeronave, não há qualquer violação aos dispositivos legais mencionados no acórdão recorrido”, concluiu a ministra ao rejeitar o recurso.
Denunciação da lide
No voto acompanhado por todos os ministros da turma, Nancy Andrighi rejeitou também a tese dos empresários de que a denunciação da lide à Cessna, fabricante do avião, seria indispensável. Ela ressaltou a mudança de regras sobre a questão com a reforma do Código de Processo Civil.
“É fundamental notar que o CPC/2015 afastou a obrigatoriedade da denunciação da lide, tornando-a um incidente processual facultativo”, comentou.
Sobre a jurisprudência do STJ sobre a ação da revisão da vida inteira, clique aqui.
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