Se existe um antídoto na literatura contra a esquerda e o fanatismo revolucionário, o livro é “Os Demônios” de Dostoyevski.
Discorre o genial russo nessa obra, marcadamente política, sobre o ideário da esquerda, desde os métodos da revolução ao igualitarismo malfazejo.
Dostoyevski fez parte do círculo socialista e revolucionário Petrachevski. Foi preso, condenado à morte, mas teve sua pena comutada em prisão na Sibéria.
Conheceu como poucos a alma do homem sob as ideias socialistas e, como ele dizia de si próprio, era um realista da alma humana.
Cristão ortodoxo convicto admitia ser o Cristo a Verdade e “caso o Cristo não fosse a Verdade, preferiria o Cristo à Verdade”, nas palavras do próprio escritor.
A descrição da manada de porcos possuída por demônios, a se precipitar no abismo, como traz a Bíblia, é evocada no início do livro como uma metáfora para quem segue o ideal revolucionário, tendendo à destruição de si próprio e de todos os demais seguidores, num coletivismo suicida implacável.
O rebaixamento cultural como arma de degradação de valores da sociedade, a igualdade como uma ideia fixa e endeusada, a mistificação de um líder carismático encontra-se profetizada e denunciada neste livro antes que os grandes totalitarismos do século XX se concretizassem e que hoje retornam, nas sombras, ao nosso tempo. Com a palavra, Dostoyevski: “Cada um pertence a todos, e todos a cada a cada um. Todos são escravos e iguais na escravidão.
Nos casos extremos recorre-se à calúnia e ao assassinato, mas o principal é a igualdade.
A primeira coisa que fazem é rebaixar o nível da educação, das ciências e dos talentos.
O nível elevado das ciências e das aptidões só é acessível aos talentos superiores e os talentos superiores são dispensáveis!
Os talentos superiores sempre foram déspotas, sempre trouxeram mais depravação que do que utilidade; eles serão expulsos ou executados.
A um Cícero corta-se a língua; a um Copérnico furam-se os olhos, um Shaekspeare mata-se a pedradas-eis o Chigailovismo. Ah, ah, ah, está achando estranho? Sou a favor do chigailovismo” (Piotr Stiepánovich, personagem, discursando a favor de Chigailov, o inventor da igualdade, outro personagem, mas poderia ser Lênin, fazendo apologia de Marx).
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