O ataque à estátua do Padre Antonio Vieira: fanatismo e ignorância
O ataque à estátua do Padre Antonio Vieira: fanatismo e ignorância
O ataque à estátua do Padre Antonio Vieira denota o fanatismo aliado ao desconhecimento histórico- cultural.
Incentivados pelo movimento anti-racista global que tem como slogan “Vidas negras importam”, manifestantes, em Lisboa, vandalizaram o monumento erguido ao famoso padre português, associando-o ao racismo.
Essa associação, pois, além de injusta é ignorante.
“Um Imperador da língua portuguesa”, como dizia dele Fernando Pessoa. Sua visão profético- cultural era embasada na Bíblia, nos moralistas gregos e romanos, em Agostinho, em Descartes, na Patrística e nos místicos espanhóis.
O crítico literário Eugênio Gomes definiu assim o famoso padre jesuíta: “um Vieira que transcende os limites da Escolástica pelo gênio da língua e pelo espírito especulativo, que o induziu a assimilar as ideias filosóficas e científicas mais adiantadas do seu tempo, não raro indo além do que lhe era permitido.”
Essa visão de gênio espiritual, então, possibilitou a ele não ficar preso a um conservadorismo doentio e maldito que, como dizia Eliot, até justificar a escravidão com a interpretação bíblica queria.
Em carta a Afonso VI, denunciou o maltrato aos índios e o trabalho escravo nas colônias.
Essas denúncias o levaram ao cárcere e ele escreveu de forma irônica: “os inquisidores vivem da fé e os jesuítas morrem por ela”.
Hoje, existem a persegui-lo outros tipos de “inquisidores” que vivem outro tipo de “fé”: a “fé” numa espécie de vingança perene e na destruição do que é bom.
Padre Antonio Vieira não será derrotado, sua memória, como a de muitos, continuará a sofrer ataques desses destruidores, pois “o diabo na rua no meio do redemoinho”, como nos ensinou Guimarães Rosa, não vai parar.
# fanatismo e ignorância
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