Categories: Uncategorized

“Homens ocos” de T.S. Eliot. A atualidade de uma obra-prima literária.

“Nós somos homens ocos. Os homens empalhados. Uns nos outros amparados. Elmos cheios de nada. Ai de nós!”

Em tempos de totalitarismo digital, de fingimento de felicidade e sucesso em redes sociais, da mentira virtual em larga escala, da propaganda mentirosa de facilidades inexistentes, de razão sem fé, de fé sem razão, enfim, do vazio interior do ser humano transformado em fúria, som, imagem, luxúria e violência, nada melhor, do que, nesse início de Quaresma, nos lembrarmos dos “Homens ocos” de T.S. Eliot.

Dois reinos da morte!

Assim é o sentido profundo de uma das maiores obras de poesia do século XX.

Pode-se dizer que a inquietante peça literária de T.S. Eliot, a poesia “Os homens ocos” é cada vez mais atual e tem sua inspiração no Novo Testamento quando Nosso Senhor Jesus Cristo pergunta:”Quando vier o Filho do Homem encontrará fé na Terra?(Lucas, 18)”.

Trata o poema dos reinos da morte, ainda na vida e depois na danação, por ter o ser humano abandonado Deus.

A explicação disso quem nos deu foi o próprio Eliot quando se referiu a D.H. Lawrence no texto “Revelação” de 1937:

“A mente humana é perpetuamente compelida entre dois desejos, entre dois sonhos, cada um dos quais pode ser uma visão ou um pesadelo: a visão e o pesadelo do mundo material, e a visão e o pesadelo do mundo imaterial. Cada um pode ser, por sua vez, ou para mentes diferentes, um refúgio para o qual fugir, ou de um horror de que se busca escapar. Desejamos e tememos igualmente dormir e acordar; o dia traz a rendição da noite, e a noite traz a rendição do dia; vamos dormir como se fosse para morte, e acordamos para danação. Movemo-nos, fora da fé cristã, entre o terror do puramente irracional, e o horror do puramente racional.”

Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

View Comments

  • Excelente.
    Não lembro onde li que a evolução ( moral) consiste no domínio das sensações e desejos.

    • A questão da sensação e do desejo sem a modulação do bom senso, da fé com a razão foi uma construção que remonta ao melhor da antiguidade.

      Eliot bebeu na fonte de Dante, este, por sua vez, em Brabante, Guido Cavalcanti, Cino da Pistoia, Tomás de Aquino, mas no domínio das sensações e desejos Santo Agostinho foi determinante nessas questões.

      Encontraremos essa sabedoria nas "Confissões" e em "Civitas Dei" do grande Agostinho de Hipona.

      Obrigado. Abraços.

Recent Posts

Feliz 2023

Feliz 2023 Desejamos a todos um Feliz 2023, repleto de saúde, paz e realizações. Aproveitamos…

2 anos ago

Uma refexão para o Natal. Anjos na guerra: da Batalha de Mons à Guerra na Ucrânia.

Uma refexão para o Natal. Anjos na guerra: da Batalha de Mons à Guerra na…

2 anos ago

Por que querem tanto controlar as redes sociais?

Por que querem tanto controlar as redes sociais ? O ser humano, por ser um…

2 anos ago

Democracia na modernidade e a aristocracia política

Democracia na modernidade e a aristocracia política. Depois que Chesterton fez a análise perfeita sobre…

2 anos ago

Ocultismo e religiosidade na política

Ocultismo e religiosidade na política. Não é de hoje que o ocultismo e a religiosidade…

2 anos ago

O “Duplipensar” de políticos favoráveis ao aborto e as consequências disso

O Duplipensar de políticos favoráveis ao aborto e as consequências disso. Desvendado por George Orwell…

2 anos ago

This website uses cookies.