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Moral utilitarista, hedonista e a destruição da sociedade. Um breve ensaio: De Górgias a Stuart Mill.

Moral utilitarista, hedonista e a destruição da sociedade. Um breve ensaio: De Górgias a Stuart Mill.

A moral utilitarista se caracteriza pela busca do prazer. O bem maior, para o ser humano, seria o prazer.

O hedonismo foi uma dessas concepções morais utilitaristas que surgiu na antiguidade.

Górgias, por exemplo, ensinava que o prazer deveria ser gozado toda vez que ele aparecesse. Remete, esse tipo de moral, ao imediatismo do prazer ou gozo imediato.

Epicuro, por sua vez, afirmava não acreditar no imediatismo do prazer e dizia que este deveria ser procurado entre algo que não provocasse sofrimento. O prazer, para Epicuro, ao recomendar evitar as dores da vida, caracterizava-se, na verdade, pela ausência de preocupações e perturbação interior (ataraxia).

Jeremy Bentham, na modernidade, adaptou o pensamento de Epicuro. O prazer, então, deveria ser exercido de acordo com sua intensidade e quantidade determinado sempre pelo interesse pessoal. Diante da escolha, a certeza e a duração dos prazeres deveriam ser levados em conta.

John Stuart Mill aceitou essa concepção de Bentham, mas a submeteu ao interesse geral. Ou seja, no conflito entre o interesse geral e o interesse particular, prevaleceria sempre o interesse geral.

Pois bem, a oscilação entre moral de interesse pessoal e moral de interesse geral é o que ainda domina as sociedades ocidentais.

O materialismo prático, por exemplo, gerado pelas sociedades capitalistas leva muitos a pensar na felicidade como sendo sinônimo de prazer, de bem estar e de utilidade.

“Este se manifesta sobretudo sob o efeito dos impulsos ou das atrações produzidas pelos valores materiais, sensuais ou temporais, sobre toda a esfera da concupiscência e da afetividade”, dizia o Papa João Paulo II sobre o materialismo e o hedonismo das sociedades capitalistas ocidentais.

Nem a pandemia conseguiu parar os ímpetos hedonistas. Basta ver a quantidade de acessos a sites de jogos e a sites pornográficos para confirmar esse estado de coisas.

Conservadores acusam o chamado “marxismo cultural” pelo declínio moral e pelo abalo dos valores tradicionais, mas aquele é consequência. Sem um hedonismo anterior, não haveria um “marxismo cultural” posterior.

Quando não se tem mais uma moral consistente, embasada em valores perenes, a exemplo da moral cristã, a busca da felicidade vira mera experimentação de sensações.

O erro desses filósofos e de suas concepções filosóficas morais é não entender que o prazer não é um fim em si mesmo, não tendo, portanto, valor moral. O “movimento do desejo” gerado por ele é fonte de intemperança que gerará vazio e desespero. Ele requer inclinações não racionalidade. A destruição da sociedade passa por esse jogo de inclinações.

Leia também:

O problema da moral e seu ensino.

O itinerário intelectual da busca pela felicidade à luz do pensamento Santo Tomás de Aquino

Publicado no blog Guedes & Braga

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Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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