Categories: Uncategorized

Chesterton e o perigo da aristocracia política para a democracia.

Chesterton e o perigo da aristocracia política para a democracia.

No ensaio “O eleitor e as duas vozes”, em que discute as limitações impostas ao povo pela aristocracia política, escreveu Chesterton:

“À democracia é conferido o direito de responder perguntas, mas não o de fazê-las. Ainda é a aristocracia política quem faz as perguntas. E não seremos despropositadamente cínicos se supusermos que a aristocracia política será sempre cautelosa quanto às perguntas que faz (…) a classe dos poderosos escolhe dois cursos de ação, ambos seguros para si própria, e depois estende à democracia o mimo de optar entre um e outro”.

Assim como acontecia no tempo dele, ocorre no nosso também, mas com agravantes: Os poderosos delimitam o assunto a ser tratado na sociedade sem levar em consideração os valores da nação e os verdadeiros desejos do povo. A este, a discussão de problemas será limitada, pois, ainda que faça as perguntas certas e aja dentro da legalidade, caso contrarie o interesse da aristocracia política, será tolhido na sua liberdade de expressão, e suas legítimas aspirações poderão ser consideradas antidemocráticas e passíveis de punição ou cancelamento.

Na época de Chesterton, referia-se ele aos dois partidos que sequestravam a democracia inglesa, sabotando-a e impedindo a participação popular de maneira efetiva, vejamos:

“O verdadeiro perigo dos dois partidos consiste em limitar indevidamente o campo de visão do cidadão comum. Em vez de torná-lo criativo, eles o esterilizam, pois nunca se lhes permite nada exceto a preferência de uma política a outra. Não dispomos de uma verdadeira Democracia quando a decisão é determinada pelo povo. Haveremos de ter uma verdadeira Democracia quando o problema for determinado pelo povo. O homem comum irá decidir não só como votar, mas sobre o que votar.”

No nosso tempo, a aristocracia política não se resume a partidos políticos ou a soberanos poderosos, mas às big techs, comitês científicos, tribunais, grandes corporações, etc, que, ao exercerem o poder político, limitam o campo de visão popular, impondo uma pseudo agenda democrática sem a possibilidade de uma verdadeira discussão política, a qual atenda os anseios do homem comum.

Da forma como está organizada a democracia pelos poderosos, a inversão de valores políticos está em grau tão elevado, que eles querem o seguinte entendimento da sociedade: ditadura é o governo do povo; democracia é o que a aristocracia política determina.

Leia também:

Antes de George Orwell. Chesterton, Belloc e a “profecia” de uma sociedade de escravos

As lições atuais de “A Revolução dos bichos”

[rock-convert-pdf id=”4479″]

# Chesterton e o perigo da aristocracia política para a democracia

Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

Recent Posts

Feliz 2023

Feliz 2023 Desejamos a todos um Feliz 2023, repleto de saúde, paz e realizações. Aproveitamos…

2 anos ago

Uma refexão para o Natal. Anjos na guerra: da Batalha de Mons à Guerra na Ucrânia.

Uma refexão para o Natal. Anjos na guerra: da Batalha de Mons à Guerra na…

2 anos ago

Por que querem tanto controlar as redes sociais?

Por que querem tanto controlar as redes sociais ? O ser humano, por ser um…

2 anos ago

Democracia na modernidade e a aristocracia política

Democracia na modernidade e a aristocracia política. Depois que Chesterton fez a análise perfeita sobre…

2 anos ago

Ocultismo e religiosidade na política

Ocultismo e religiosidade na política. Não é de hoje que o ocultismo e a religiosidade…

2 anos ago

O “Duplipensar” de políticos favoráveis ao aborto e as consequências disso

O Duplipensar de políticos favoráveis ao aborto e as consequências disso. Desvendado por George Orwell…

2 anos ago

This website uses cookies.