O “novo normal”: política e ética. Reflexões em Aristóteles, T.S. Eliot, Thomas More e Rousseau
“E, não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer destruir no inferno tanto a alma como o corpo.” (Mateus 10:28)
O “novo normal”* pode ser caracterizado como uma existência em que as pessoas trocam a liberdade por segurança, na rejeição da tradição religiosa e familiar** e, principalmente, numa vida regida pelo totalitarismo tecnológico e estatal. A política é essencial para a concretização do “novo normal”.
As circunstâncias exteriores geradas pela política podem causar modificação interior nas pessoas e isso tem graves consequências morais.
Governantes determinam as políticas para implementar a “nova normalidade” e já temos uma vida atrelada à tecnologia, onde a vigilância do Estado é constante e o distanciamento físico das pessoas é regra. Tudo isso será aprofundado com novas medidas políticas e mais tecnologia.
Rousseau afirmava no livro “Emilio”: “aqueles que pensam em tratar a política e moral separadamente jamais entenderam nenhuma das duas”.
No “Contrato social”, ensinava que era necessário solapar os interesses individuais para que as pessoas tivessem uma boa sociabilidade e isso importava submeter o individual, o familiar e o tradicional ao coletivo, a uma espécie de “eu comum” onde a igualdade moral e afetiva fosse compartilhada por todos.
Aristóteles advertia em “Política” que os costumes podem ser mudados quase que imperceptivelmente de forma até inconsciente.
Em sendo assim, se as pessoas realmente, renunciarem por completo à liberdade, à individualidade, à tradição*** e à sua forma de convívio, estarão prontas para uma nova forma de sociabilidade que terá, por consequência, uma nova ética.
Podemos caracterizar essa nova Ética baseada na tecnologia(a dignidade e cidadania do ser humano estão atreladas à revolução tecnológica) como materialista (total independência da religião e da lei natural); socialista (igualitária). O bem moral, então, é fundado na razão prática, no materialismo, no social e no utilitarismo. Essa ética destrói a interioridade do ser humano.
Podemos dizer, como Eliot em “Homens ocos”, que essa ética do “novo normal” transforma o ser humano em “elmo cheio de nada…força paralisada, gesto sem vigor”.
Por outro lado, Thomas More dizia que nem “o homem pode ser separado de Deus, nem a política da moral”.
Sugeria More, então, que o ser humano, criatura de Deus, agisse de acordo com uma ética(cósmico-realista) calcada na religião, na razão e na lei natural e a política deveria se submeter a ela.
Por isso mesmo, preferiu morrer a considerar legítimo o divórcio do Rei Henrique VIII.
É uma ética que engrandece o ser humano, reconhece a liberdade como valor intrínseco e a dignidade humana está ligada ao próprio ato de existir sem renegar valores maiores que a própria existência. O bem moral, assim, é fundado, em última análise, em Deus e na bondade que Dele emana.
Diante disso, o ser humano terá que escolher, apesar do totalitarismo tecnológico e da moral que daí decorre, entre a ética do “novo normal” que mata a alma ou a outra, a ética cósmico-realista, que dignifica o ser humano e preserva alma.
P.S.: *A partir do medo dessa pandemia e da crescente difusão tecnológica, governos do mundo todo, grandes mídias e interesses corporativos passaram a alardear, de acordo com a nova ordem mundial, essa outra concepção de vida representada pelo slogan “novo normal”.
**É errada a concepção de que pessoas de uma mesma família trancadas em casa se tornam mais próximas e amigas. O isolamento social leva ao isolamento virtual. Cada membro da família, por exemplo, isolado com seu meio tecnológico fica conectado à Rede sem interesse pela entidade familiar e o que ela representa.
***Os decretos que fecharam Igrejas, comércio, isolaram pessoas, etc abalaram aquilo o que era tradição sagrada e base do convívio social.
Assim sendo, poderá não mais existir ou sobreviverá minimamente: reunião familiar(festas de aniversário, casamento, batizados, etc); convívio entre amigos(reuniões em bares e restaurantes); religião em comunidade(missas, cultos, trabalhos de caridade, velório e enterro dos mortos sem as cerimônias religiosas fúnebres, etc); trabalho presencial no comércio(e-commerce), nas indústrias(máquinas cada vez mais avançadas tecnologicamente a substituir o homem), nas repartições públicas(home Office), nos escritórios (profissionais liberais/home office), etc
Para ler sobre “O problema da verdade e da inviolabilidade do direito em Dante Alighieri. A questão da eubolia“, clique aqui.
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