Sobre o cientificismo. Algumas reflexões
Decorrente do Positivismo, o cientificismo é a crença dogmática na ciência que busca submeter todo conhecimento ao método científico e ser a solução para todos os problemas da humanidade.
O cientificismo é falso. Há muitos conhecimentos que são verdadeiros sem precisar nem mesmo da boa ciência para atestá-los.
Por exemplo: os primeiros princípios inteligíveis (a primeira visão da inteligência sobre as coisas) captados intuitivamente como os princípios da Identidade, Causalidade e Contradição não dependem do método científico para serem verdadeiros.
Muito menos, precisamos do cientificismo para salvar a humanidade, bastaria esta acreditar realmente no “Amai-vos uns aos outros”, coisa que nunca foi realizada, em larga escala, no mundo.
Em “A consolidação da pós-cristandade. A civilização global, tecnológica e científica” enumeramos algumas características dessa nova forma civilizatório-cultural e identificamos alguns disparates que devem ser motivados pelo cientificismo.
Elencamos, entre outras coisas, a colonização interplanetária como solução para os poblemas terrenos e a imortalidade possivelmente alcançada por uma hipotética reprogramação celular.
Esse tipo de pensamento acima, no entanto, se acaba com a velocidade de um míssil hipersônico. E foi com um míssil desses que a Rússia no final do ano passado acertou um satélite e ainda causou danos à Estação Espacial.
Civilização e barbárie caminham juntas.Transportar a raça humana para outro planeta e tentar torná-la imortal é só mudar o lugar do desespero.
C.S. Lewis escreveu o livro “Além do planeta silencioso” preocupado com o tema da imortalidade científica e da conquista interplanetária, que eram moda no tempo dele e retornaram à moda no nosso século.
Ele explicou isso, numa carta, em 9 de agosto de 1939:
“O que me fez escrever o livro foi a descoberta de que um aluno meu levou muito a sério todo o sonho de colonização interplanetária e a percepção de que milhares de pessoas, de uma forma ou de outra, dependem de alguma esperança de perpetuar e melhorar a espécie humana em busca do sentido completo do universo – uma esperança científica de derrotar a morte é um verdadeiro rival para o cristianismo”.
E de uma rivalidade estranha e cômica, pois “estar sempre saudável sob as ordens do médico nada mais é do que ser imortal inválido”, como dizia Chesterton.
“Imortal inválido” deve ser a condição desejada por esses “apóstolos do cientificismo”, que movidos pela campanha mundial de vacinação anticovid gritam ou escrevem: “viva a ciência!”, “siga a ciência”, “eu acredito na ciência”.
A advertência do filósofo da ciência, Karl Popper, ainda no século XX, então, ganha atualidade e cai como uma luva para aqueles:
“Uma das coisas mais estúpidas que já se ouviu hoje em dia é “eu acredito na ciência”. Se a ciência fosse uma questão de crença, seria chamada de religião. Em vez disso, trata-se de sempre questionar, duvidar e verificar se não há muito dinheiro por trás de uma causa hipotética.”
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Excelente artigo.
É isso mesmo.
É bom nem verificar, pois a montanha de dinheiro por trás é enorme.
Ciência, sim, ciência de como ser esperto e enriquecer às custas de tolos.