Sorriso selfie
Sorriso selfie
Tenho observado nos últimos anos, com a popularização dos smartphones e do acesso às redes sociais, um certo padrão de comportamento daqueles usuários que não resistem à oportunidade de registrar os momentos vividos (será que vividos mesmo?) em fotos que serão compartilhadas (ou “postadas”, para usar a linguagem das redes sociais) em seus perfis no facebook ou em outra plataforma social qualquer existente no universo da rede mundial de computadores.
A todo momento observo pessoas fazendo autorretratos nos locais mais variados possíveis, na rua, na praia, nos centros comerciais, no local de trabalho, como se o mundo delas fosse aquele, existente apenas em algum sítio eletrônico perdido na imensidão da internet.
O traço em comum no comportamento dessas pessoas é a forma de sorrir. Isso mesmo, o sorriso diante do celular no momento da conhecida foto selfie.
Já notaram que praticamente todos os adeptos das selfies exibem um sorriso plastificado, sem emoção crível? Trata-se de um sorriso escancarado, com a musculatura do rosto contraída ao máximo, aguardando o clique da lente do celular.
Parece que se demorar muito para fotografar, os adeptos das aludidas fotografias sofrerão alguma câimbra na musculatura facial. Alguém poderá afirmar, ao ler esse texto, que eu também já fiz uma autofotografia em algum momento da minha vida. É verdade, também já fiz uma selfie. E assim a tecnologia vai moldando comportamentos e criando hábitos, massificando as condutas das pessoas, sem que elas percebam essa influência.