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Vacinas contra a covid-19. A questão moral.

Vacinas contra a covid-19. A questão moral.

É espinhosa a questão moral acerca das vacinas contra a covid-19.

O Vaticano se apressou e declarou que as vacinas contra a covid-19 são moralmente lícitas, ainda que possam ter sido usadas linhagens de células de fetos abortados.

Contrariando a diretriz do Vaticano, Dom Athanasius Schneider, Bispo católico, disse, em entrevista, que não tomaria “vacina suja, manchada com sangue inocente de um aborto”, numa alusão a essa elaboração de vacinas com linhagem celular de fetos abortados.

O catecismo católico condena quem apoia, produz ou colabora com o aborto, sob pena de excomunhão.

Contudo, no caso da vacinação contra a covid-19, a Igreja Católica declarou ser isento de culpa quem receber o imunizante, estabelecendo a licitude da vacina diante da grave situação pandêmica.

Pois bem, essa questão diz respeito à filosofia moral, notadamente, à moralidade objetiva.

As linhagens celulares de bebês abortados (chamadas MRC-5) estão presentes, praticamente, em todas as vacinas.

Tanto é assim que a Sanofi Pasteur, uma grande empresa farmacêutica, em setembro de 2020, declarou, nos EUA, que não usará mais aquela linhagem celular em suas vacinas contra a poliomielite.

O Bispo de Austin ficou tão feliz que exortou: “A FDA garanta uma vacina contra a covid-19 sem a cumplicidade com o aborto”. Ou seja, parece claro que a indústria da vacina depende da indústria do aborto.

Pois bem, na moralidade objetiva concorrem três elementos: o objeto, as circunstâncias e o fim.

O objeto é a coisa conhecida pela razão conforme a lei moral. Por exemplo: tomar vacina para preservar a própria vida e a dos outros é moralmente bom.

As circunstâncias são os elementos acidentais do ato, mas se as circunstâncias não forem acidentais, e sim, intencionais, isso muda a natureza do ato. Ou seja, não é acidental a vacina ser feita a partir de células de bebês abortados, então, o desenvolvimento dela é moralmente mau.

O fim, por sua vez, deve ser o bem honesto. O ato deve ser desejável em si mesmo e conveniente ao ser humano. A vacina pode salvar vidas e é desejável, mas é feita de maneira incorreta, pois o modo como foi feita apresenta grave inconveniência.

Um ato só é moralmente bom quando todos os elementos concorrem para o bem, o que não é o caso da feitura das vacinas contra a covid-19.

Com relação ao consumidor final da vacina, este, realmente, não pode ser culpado moralmente por tomar o imunizante.

Além de ser refém do medo e estar diante de uma grave situação, não colaborou para desenvolvê-la. Outrossim, é um dever moral a conservação da saúde física, própria e dos outros, devendo enfrentar a doença com as “armas” disponíveis no momento, isto é, fazendo uso de remédios e dessas vacinas com culturas de células provindas do aborto.

No entanto, aos católicos, cristãos e outros que não desejem tomar tais vacinas, a objeção de consciência é plenamente válida, pois, como podemos observar, elas podem ser rejeitadas por causa de seu aspecto circunstancial que é essencialmente mau, haja vista o uso de linhagens celulares de bebês abortados (MRC-5).

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Leia também:

Ciência, positivismo científico e causalidade. A questão do tratamento de uma doença sem comprovação científica.

“A navalha de Ockham” e a cura da covid-19. A maioria de curados no Brasil: medicação ou cura espontânea?

Publicado no blog Guedes & Braga.

Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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