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“O Cardeal Cinza” ou “A hora de Putin”

“O Cardeal Cinza” ou “A hora de Putin”

Às vezes, basta um homem para iniciar a “dança macabra” de uma guerra. Não vamos retroagir, nesta breve análise, aos grandes tiranos ou conquistadores de um passado distante, mas os da história contemporânea.

Um grande historiador como Eric J. Hobsbawm, no livro “Era dos extremos – O breve Século XX (1914-1991)” apontou Hitler como o grande responsável pela Segunda Guerra Mundial. Embora fosse marxista, Hobsbawm não atribuiu às crises capitalistas ou às condições do Tratado de Versalhes como causas principais da segunda grande guerra, mas ao líder nazista. Ele escreveu: “Em termos mais simples, a pergunta sobre quem ou o que causou a Segunda Guerra Mundial pode ser respondida em duas palavras: Adolf Hitler.”

Viktor Suvorov, por sua vez, utilizando documentos até então secretos da ex-URSS culpou Stálin, no livro “O Grande Culpado/O Plano de Stálin para iniciar a Segunda Guerra Mundial”, como responsável pelo início do segundo grande conflito mundial.

Os dois líderes acima tinham ideologias e discursos bem estabelecidos e a partir do estudo da obra, personalidade e atitudes poder-se-ia prever ou constatar algo como uma grande guerra iniciada por aqueles gênios do mal!

Da mesma forma, também temos um culpado da Guerra na Ucrânia: Vladimir Putin. Se podemos acusá-lo, todavia não podemos sondá-lo de maneira decisiva.

No livro “Desinformação” de Ion Mihai Pacepa e Ronald J. Rychlak temos uma instigante descrição do Presidente russo, o que também pode servir de alerta para o que possa acontecer num breve futuro.

No capítulo a “Hora de Putin”, os autores fazem uma análise da figura enigmática do líder russo, vejamos:

“Os colaboradores de Putin o chamam de “Cardeal Cinza” por causa de sua discrição e maestria estilo Vaticano na arte da intriga. O povo russo admira os seus olhos azul-gelo como indicativo do seu tipo forte, silencioso, um homem de verdade, que escolhe suas poucas palavras com bastante cuidado(…)”
Por que Putin é tão cheio de segredos sobre si próprio em plena era da internet? Uma razão é que ele passou a maior parte da sua vida como espião e o gosto pelo segredo corre em suas veias – conta com o fato de que ninguém saiba o que ele fez. Tampouco Putin é um ideólogo, cuja obra e discursos possam ser escrutinados em busca do homem por trás deles.
Ele é produto da KGB, não um Lênin que construiu a KGB. Ele é produto do anti-americanismo, não um Stálin que desovou esse anti-americanismo. Ele é um produto da proliferação nuclear e do terrorismo anti-americano do Kremlin, não um Khruschev que autorizou as duas coisas.”

Se podemos confiar nos escritores desse livro, Putin é produto do segredo, do anti-americanismo (que se pode estender a todo o ocidente inclusive por razões históricas anteriores ao comunismo), do terror e da ameaça nuclear, que pode sim vir a ser concretizada.

Temos um vilão perfeito nesta guerra, mas não temos, até agora, líderes mundiais heroicos e com boas intenções em contraposição ao “Cardeal cinza”, perigoso e genial tirano, que pode arrastar o mundo para algo ainda pior.

Leia também:

Nazismo e Comunismo – Mórbida Semelhança. As comparações de Viktor Suvorov.

O livro “Desinformação” e a capa da revista The Economist

Publicado no blog Guedes & Braga

Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

View Comments

  • Texto bem interessante sobre o Cardeal Cinza. Um termo que não conhecia.
    Exatamente; produto da KGB.
    A bem desenvolvida estratégia da desinformação ainda produz efeitos sobre incautos, sem a devida noção.
    Particularmente, não acredito em ameaças nucleares.
    Elas também são desinformação.

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