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Tolkien e C. S. Lewis contra a tecnocracia

Tolkien e C. S. Lewis contra a tecnocracia

Além de grandes amigos, os dois escritores temiam pelo futuro da humanidade comandada pelo cientificismo e pela hipertrofia tecnológica.

Quando um vírus se espalhou pelo planeta Terra, conceitos de ciência e resoluções científicas também se espalharam. Essas resoluções científicas ou pseudocientíficas influenciaram os governantes.

Não foi por acaso que o discurso político mais ouvido durante essa praga que se alastrou pelo mundo foi: “estamos trabalhando de acordo com a ciência”; “é científico”; “não é científico”, etc
Isto como se a medicina fosse uma ciência exata.

C.S. Lewis escreveu, em 1958, sobre a planificação da sociedade a partir da absolutização do conhecimento científico e a perda da liberdade motivada pela tecnocracia:

“Daí a terrível suspeita de que nossa única escolha é uma sociedade com poucos homens livres e sociedades com nenhum homem livre.

A nova oligarquia deve cada vez mais buscar sua pretensão de nos planificar como sociedade em sua alegação de deter conhecimento. Se é para sermos protegidos, aquele que nos protege deve saber das coisas. Isso significa que eles devem depender sempre do conselho de cientistas, ao ponto de os próprios políticos se tornarem meros fantoches deles. A tecnocracia é a tendência de qualquer sociedade planificada. Ora, tenho pavor de especialistas no poder porque eles falam de coisas que estão fora de sua área de conhecimento. Os cientistas deveriam limitar-se às suas ciências. Governar inclui questões relativas ao que é bom para o homem, à justiça, ao que vale a pena obter e a que preço; e, para estas coisas, uma formação científica nada acrescenta à opinião do indivíduo. O médico pode me dizer que morrerei se não fizer isto ou aquilo; todavia, se a vida vale a pena nestes termos é uma questão que cabe a qualquer homem responder”.

Tolkien, por sua vez, através da sua obra “Senhor dos Anéis”, demonstrou alegoricamente como o poder atrelado à tecnologia é uma forma de magia a encantar e persuadir os homens e por que estes se submetem a ela.

A monstruosidade de Sauron, Morgoth e Saruman, por exemplo, reside principalmente na capacidade de criar novos seres e no desejo de dominação através de uma espécie de magia materialista: o Um Anel.

Colin Duriez, biógrafo dos dois amigos escritores, nos conta sobre essa alegoria de Tolkien:

“Desde o desejo de Morgoth de ter o poder criador de Deus até a tentação de brandir o Um Anel. O uso errado do poder frequentemente é expresso por Tolkien como magia, mecânica e tecnológica. Morgoth, Sauron e Saruman fazem experimentos com engenharia genética – a criação de orcs semelhantes a robôs – e usam ou estimulam o uso de máquinas. O próprio Anel é uma máquina, resultado de habilidades tecnológicas de Sauron. Tolkien contrasta essa magia maligna com a arte, tipificada nos elfos, que não têm desejo de dominação. De forma semelhante, Lewis via uma atitude maquinal, ou tecnocracia, como forma moderna de magia, buscando dominar e possuir a natureza, e expressou esse tema em That Hidens strenght.”

A magia tecnológica dos aparelhos de comunicação e seus aplicativos, por exemplo, transmitindo ordens de governantes e da grande mídia como “fique em casa”, “use a máscara”, “só a vacina salva”, tudo isso, supostamente, com supedâneo na ciência são uma amostra do que a tecnocracia, nos nossos tempos, já foi capaz de fazer.

A tecnocracia não quer a morte do indivíduo, ela quer o domínio, assim como Sauron e o seu “Um Anel”.

Tolkien e Lewis anteviram toda essa situação atual e expressaram, cada um a seu modo, na literatura.
Eram cristãos devotos e sabiam muito bem o que os “magos materialistas diabólicos” e seus fantoches seriam capazes de fazer, mas sabiam também que jamais teriam a vitória final.

Leia também:

Ciência, positivismo e causalidade. A questão do tratamento de uma doença sem comprovação científica

“Cartas de um diabo a seu aprendiz”. O pecado da gula segundo C.S. Lewis

# Tolkien e C. S. Lewis contra a tecnocracia

Publicado no blog Guedes & Braga.

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Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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