A questão do voto dos cristãos e o problema da adesão a vertentes políticas.

A questão do voto dos cristãos e o problema da adesão a vertentes políticas.

A questão do voto dos cristãos e o problema da adesão a vertentes políticas.

De maneira direta, podemos dizer que os cristãos devem votar em candidatos e partidos políticos que não firam os valores cristãos. Ou, pelo menos, que os respeitem em grande parte. Ressaltemos os principais valores: o amor, a ética da caridade, a sabedoria, a justiça, a liberdade e a paz.

Daí a confundi-los com um candidato, com um partido ou a vertente política que estes abraçam é um erro. É confundir o transitório com o permanente; o temporal com o eterno. Por isso mesmo, o alerta bíblico: “Os céus e a terra passarão, mas minhas palavras jamais passarão.” (Mateus, 24:35).

Inclusive, não há garantias que um partido ou candidato conservador irão respeitar ou difundir valores cristãos em sua totalidade. Jogos de azar, por exemplo, são aceitos por políticos conservadores, o que é contrário à Bíblia. Lembremos: “comerás o teu pão com o suor do teu rosto” (Gênesis 3:19), ou seja, com o trabalho, não se arriscando em jogos. Outrossim, a escravidão, uma chaga histórica da civilização, assim como a segregação racial na África do Sul até o final do século XX tiveram o seu componente conservador.

Até uma democracia pode ser uma maldição para os cristãos. Sem a retidão devida de um povo, podemos ter uma “cultura de morte” que permeie toda sociedade e admita o aborto, a eutanásia, o suicídio assistido, como de fato já existe em várias democracias. Então, o “vox populi, vox dei” pode se tornar “vox populi, vox diaboli”!

E é exatamente a vertente progressista que defende essas demandas acima na democracia.

Recordemos, agora, o ensinamento de T.S. Eliot. Em “A ideia de uma sociedade cristã e outros escritos”, ele fez uma grave advertência sobre conservadores, liberais e revolucionários e a tentativa desses “rótulos” em adaptar o cristianismo a seus desejos.

Eliot afirmou:

“Para a maioria das pessoas, a verdadeira constituição da sociedade, ou aquela que suas paixões mais generosas desejam promover, está certa, e o cristianismo deve se adaptar a ela. Porém, a Igreja não pode ser, em qualquer sentido político, nem conservadora, nem liberal, nem revolucionária. O conservadorismo é assaz conservador das coisas erradas; o liberalismo é um relaxamento da disciplina, a revolução é uma negação do que é permanente”.

Realmente, o que existe é a vontade das pessoas, querendo o predomínio de seus desejos e adaptando o cristianismo a eles. Assim, tanto faz ser liberal, progressista, conservador, quando o que se quer é adaptar o cristianismo a uma dessas vertentes políticas.

Na verdade, os principais desafios dos cristãos são esses: liberdade para viver o Evangelho e difundi-lo; lutar para diminuir a desigualdade social; combater a ideologia de gênero, o aborto, a eutanásia; lutar contra a perseguição de qualquer religião; engrandecer a cultura e combater toda forma de corrupção, violência, fanatismo, intolerância e indiferença.

Pois bem, reafirmamos que os cristãos devem votar no candidato ou partido que mais respeite os valores cristãos, porém não é necessário que se identifique o candidato ou partido como mensageiros de Deus ou salvadores da nação. Além disso, Estadistas são exceção e só precisamos deles em casos específicos.

Em último caso, os cristãos podem votar de acordo com o princípio do mal menor (minima de malis). Ou seja, no caso de dois ou mais candidatos ruins, votar-se-á no menos ruim.

Leia também:

O livro como meio terapêutico em Viktor E. Frankl: A grande literatura como meio para se conter a obsessão pela política

A face totalitária da democracia. Reflexões em Rèmi Brague e T.S. Eliot

Texto publicado no blog Guedes & Braga

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Luís Fernando Pires Braga

Advogado.

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