Bento XVI e a morte. Uma breve reflexão
Bento XVI e a morte. Uma breve reflexão
Havia escrito recentemente que um bilionário* quer ser imortal e que isso é o desejo de muita gente.
O Papa Bento XVI pensa diferente.
Em carta de 2 de outubro de 2021, ao lamentar a morte de um padre amigo, ele disse que desejava, em breve, se encontrar com os amigos no Céu.
Alguns reclamaram, outros estranharam, mas o que existe mesmo é um homem sábio, aceitando o destino implacável.
A morte, para os que querem ser imortais no planeta Terra, se torna desesperadora por causa da centralização do ego. Dessa centralização, surge o egoísmo e todas as concupiscências que levam à desesperança.
Bento XVI, ao contrário, segue o caminho dos santos e sábios e sabe que existe um caminho para a “boa morte”, tão negligenciado, num mundo marcado pelo hedonismo e pelo materialismo.
Mesmo Montaigne, um cético, reconhecia que há uma grande sabedoria que ajuda a morrer. “Filosofar é aprender a morrer”, dizia o autor de “Ensaios”.
Em diálogos marcantes entre o jornalista Jean Jacques Antier e o filósofo Jean Guitton, temos essa bela lição sobre a ars moriendi:
“Quanto mais o ego for ancorado em si mesmo, às vezes de forma hipertrofiada, mais a morte será difícil. O santo e o sábio, que renunciaram à ditadura do ego, não conhecerão essa angústia da passagem, sobretudo se acrescentarmos a fé na ressureição dos corpos prometida por Cristo, e a fé na sobrevivência do espírito indestrutível.”
Pois bem, Bento XVI cumpre o seu papel de grande católico. Ensinou a muitos como viver e aprendeu a morrer.
P.S.: *Lições de Vinicius de Moraes para Jeff Bezos. Memento mori.
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